terça-feira, fevereiro 21, 2006

Coerências

Nas autárquicas de 2005, o PSD decidiu, e bem, por iniciativa de Marques Mendes, não apoiar candidatos que estivessem envolvidos em processos judiciais. Entre os quais estava Isaltino Morais. Isto, em nome da transparência e da credibilização da classe política.
De qualquer modo Isaltino foi eleito Presidente da Câmara de Oeiras, como independente. Criticável ou não, a decisão partiu dos eleitores e eles lá saberão o porquê de tal atitute.

Depois de meses de investigações, Isaltino Morais foi formalmente acusado pelo Ministério Publico de corrupção passiva, branqueamento de capitais, abuso de poder e fraude fiscal. Todos eles relacionados directa, ou indirectamente com a sua prévia actividade camarária.
O BE e o PCP apresentaram uma moção para que o mandato fosse suspenso dado que não existem, no seu entender, condições para que o Presidente execute as suas funções.
Votos contra do movimento que apoiou Isaltino não surpreendem. Os votos favoráveis dos autores da moção obviamente que também não. Mas as abstenções do PSD e do PS como se justificam? Ou consideram que há condições ou não.
O PS "prefere" que hajam eleições caso Isaltino seja condenado, pelo que se abstem. O PSD nem uma desculpa dá, o que neste caso é particularmente grave. Porque se não havia condições para apoiar Isaltino Morais quando apenas estava a ser investigado, muito menos haverá agora que foi acusado.

A transparência e a credibilização da classe política passa fundamentalmente por um ponto que escasseia neste processo... a coerência.