quarta-feira, março 29, 2006

Deportados

A chegada dos emigrantes deportados do Canadá não me deixa indiferente. São dramas pessoais e familiares, gente que chega sem saber bem para onde ir e o que fazer. Gente que investiu tudo para ter sucesso no outro lado do mundo, e que agora se vê forcada a regressar. Uma história triste.

No entanto, já me custa entender um pouco os seus lamentos e desabafos quando pisam solo português. Estas pessoas não estão a ser expulsas de forma injusta, nem muito menos pelo motivo de serem portuguesas. Estão a ser extraditados por estarem, na sua grande maioria, ilegais ou então por motivos criminais. Em média estiveram no Canadá cinco anos, no quais não conseguiram legalizar a sua situação. Lá, tal como aqui, a extradição é o destino das pessoas nesta condição.

Num misto de desespero e do habitual chico-espertismo português, tentaram ainda pedir asilo político, como se Portugal fosse uma ditadura que os perseguisse e não um país democrático, civilizado em que podem viver livremente. Obviamente que o seu pedido foi indeferido. Outra coisa não se poderia esperar. Ganharam mais um ou dois anos de permissão de residência mas sabiam, desde o principio, que o seu destino estava traçado.

Freitas do Amaral está neste momento em viagem ao Canadá para se encontrar com o seu homólogo canadiano. Compreendo a sua viagem, mas antevejo que seja uma perda de tempo. Freitas não vai dizer que o nosso país é uma ditadura, nem vai dizer que não temos possibilidade de receber os deportados. Freitas também não pode pedir ao Governo canadiando que não cumpra as suas próprias leis. Freitas sabe disto bem melhor do que eu e já foi avisando que apenas vai pedir que os prazos que estção a dar às pessoas (15 dias) sejam alargados. Corre o risco de escutar que todos já estavam avisados à largos meses para a eventualidade, pelo que se deviam ter preparado. Mas de qualquer modo talvez valha a pena.

Entretanto, e já que está por aquelas bandas, deve visitar o nosso Consulado e organizá-lo um pouco. Seria importante e desejável que as autoridades em Portugal saibam com antecedência quem vem, se vem sozinho ou com a familia, para que local vai, se tem uma casa para onde ir, se necessita de algum tipo de ajuda. Não defendo que o Estado tenha de os suportar mas deve dar uma recepção condigna aos seus concidadãos e, dentro dos limites razoáveis, ajudá-los a recomeçar uma nova vida.