quinta-feira, maio 11, 2006

Tigres da Costa Verde

O Sporting de Espinho sagrou-se, no passado fim-de-semana, Campeão Nacional de Voleibol. A cidade de Espinho, denominada capital nacional do voleibol, passa a ter o melhor clube nacional de todos os tempos, dado o Espinho ter passado a ser o clube com mais títulos nacionais no currículo.

Quem vos escreve estas palavras é obvia e orgulhosamente Espinhense. Espinhense de nascença. Espinhense pelo clube. Se pedirem a um Espinhense para dizer três palavras que definam a cidade, a sua terra, ele vai dizer muito provavelmente “mar”, “feira (semanal)” ou então “voleibol” (pode também dizer sardinhas, chamuças ou rissóis de camarão, mas isso é noutro contexto).

O voleibol é algo que nos é incutido desde pequenos. Quase todos os miúdos que praticam desporto na cidade acabam por, pelo menos, experimentar o voleibol nos diferentes clubes, nas escolas ou então, de o praticar nas praias durante o verão.

As escolas de formação são um autêntico viveiro. Frequentemente os finalistas dos campeonatos nacionais dos diferentes escalões são os clubes mais representativos da cidade, o Sporting de Espinho e a Académica de Espinho.

Espinho é uma cidade que parou completamente para ver os “filhos da terra” chegarem duas vezes às meias finais nos Jogos Olímpicos, e o Sporting de Espinho a vencer uma taça europeia de voleibol. Corre nas veias. É genético. É parte do povo. É irracional, eu sei, mas é mesmo assim.

Desde pequenos que vemos, conhecemos e convivemos com “as estrelas”. Uma relação que se cultiva e regenera com os anos. Ao ver a equipa que foi campeã nacional no sábado, desde o treinador aos jogadores, vejo gente da terra. O Miguel (Maia), o João (Brenha), o Sandro, o Pedrosa, o Filipe (Vitó), o Rui Pedro. Gente a quem, passando por eles na rua, não pedimos autógrafos, antes os saudamos.

Mesmo sem lá ter estado, mesmo sem jogar, mesmo sem ter visto um único minuto do campeonato, sinto que uma pequeníssima milésima deste campeonato é também minha. Irracionalmente minha. No sábado, quando recebi uma mensagem da minha irmã a dizer que tinhamos ganho, senti isso mesmo. Senti-me campeão.

Foi também o último jogo no velhinho pavilhão Joaquim Moreira da Costa Jr. Uma merecida despedida para um pavilhão com tanta história, tantas enchentes, tantas memórias, tantas alegrias e lágrimas, tantas crianças felizes, que como eu, lá passaram.

Se o Porto é o meu clube de eleição, o Espinho é o meu clube do coração, o clube de sempre, que preenche inúmeras memórias da minha juventude, e que continuará a preencher o meu futuro. Parabéns Tigres da Costa Verde.